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O que é o Acidente Isquémico Transitório

O Acidente Isquémico Transitório (AIT), popularmente conhecido por “ameaça” ou “princípio de AVC”, é um acidente súbito e transitório (temporário), que ocorre numa artéria cerebral, motivado por um entupimento, geralmente, ocasionado por um trombo (coágulo) ou por um material que se desprende de um ateroma e depois viaja pela corrente sanguínea e encrava, numa das muitas artérias cerebrais.

 

A pequena parcela do cérebro que é alimentada por essa artéria fica em sofrimento, devido à falta de sangue, resultante da sua obstrução total ou quase total. Ou seja, esse pequeno fragmento de cérebro fica a sofrer de isquemia e acaba por originar alguns sintomas. Alguns minutos ou horas depois, esse coágulo desaparece ou esse ateroma diminui de tamanho espontaneamente e o doente deixa de ter sintomas, porque essa pequena parte do cérebro voltou a funcionar normalmente.

No AIT não se verifica, portanto, a morte de tecido cerebral, porque a artéria se desentope sozinha em pouco tempo.  

 

Os sintomas duram na grande maioria das vezes, menos de uma hora e frequentemente, menos que 10 minutos. Nunca ultrapassam as 24h de duração. Se os sintomas ultrapassarem esse período de tempo é provável que já se esteja perante um acidente vascular cerebral (AVC) isquémico ou enfarte cerebral, ou seja, uma pequena área do cérebro morta, porque o entupimento da artéria que a alimenta durou tempo demais ou se tornou definitivo. Quanto mais tempo durarem os sintomas, maior é a probabilidade desse AIT, se transformar num AVC isquémico ou enfarte cerebral. Os doentes com AIT estão sujeitos a ter novos entupimentos temporários, na mesma ou noutra artéria cerebral e mostram-se mais propensos a contrair um AVC.

 

Dito de outro modo.

As pessoas que já sofreram de AIT têm uma grande probabilidade de vir a ter um AVC, num futuro próximo. Este risco é particularmente elevado, nas primeiras 24 horas depois de um AIT e moderadamente elevado nos 7 dias seguintes. Há pessoas que sofrem vários AIT num só dia e outras com apenas dois ou três episódios ao longo da sua vida.

No entanto, os doentes que já tiveram um AIT, encontram-se num risco significativamente maior de desenvolver um AVC, face aos indivíduos que nunca tiveram AIT.

 

Os sintomas de AIT dependem da parte do cérebro transitoriamente afetado com a falta de sangue. Variam desde a face assimétrica (boca ao lado), fala arrastada ou presa e falta de força num braço, mão e/ou perna, até à perda de visão temporária, num dos olhos, a que os médicos chamam de amaurose fugaz (ver “o AVC pode causar outros sintomas”). O AIT é mais comum em pessoas com mais de 65 anos e em pessoas mais novas que sofram de, diabetes, hipertensão, tabagismo, sedentarismo, hipercolesterolemia (colesterol elevado), obesidade, fibrilhação auricular, ingiram dietas pouco saudáveis, usem de cocaína ou anfetaminas e em mulheres hipertensas que fumem ou tomem contracetivos orais (pílula). O risco de uma pessoa com AIT, vir a desenvolver um AVC não é igual para toda a gente e varia de caso para caso.

 

Os doentes com o risco mais elevado de vir a sofrer um AVC isquémico, são os seguintes:

  1. AIT surgido há menos de 2 dias

  2. AIT de repetição

  3. AIT associado a fibrilhação auricular

  4. AIT em pessoas que sofrem de várias doenças ao mesmo tempo, como colesterol elevado, pressão arterial alta, obesidade marcada, dieta pouco saudável, sedentarismo, tabagismo, apneia de sono, insuficiência cardíaca (coração fraco), enfarte do miocárdio, insuficiência renal crónica, enxaqueca recorrente com aura e mulheres fumadoras e hipertensas a tomar contracetivos orais

  5. AIT em pessoa com diabetes há muitos anos

  6. AIT já medicado com aspirina, clopidogrel, triflusal, ticagrelor

  7. AIT com sintomas que duraram 1 ou mais horas

 

O que deve fazer a pessoa com suspeita de AIT?

 

O AIT é uma emergência médica, porque os pacientes com AIT apresentam risco aumentado de desenvolver AVC.

Assim sendo, a APAVC recomenda que à pessoa com suspeita de AIT:

  1. Acredite nos sintomas que sentiu. Não desvalorize, nem arranje desculpas descabidas para explicar a fala arrastada ou presa, a falta de força no braço, mão ou perna ou a face assimétrica ou torta, que podem ter tido durante alguns minutos e que tão depressa desapareceram

  2. Anote os sintomas presentes, a sua duração e a hora a que tudo começou

  3. Telefone imediatamente ao 112, mesmo que já não tenha sintomas. Seja claro nas queixas que teve.                    Siga as instruções do profissional que está no outro lado da linha telefónica. Se não lhe der indicação que vai ser transportado com rapidez para um serviço de urgência de um hospital qualificado para tratar o AVC, não desista. Peça a um familiar ou a um táxi que o transporte imediatamente para esse hospital.

  4. Palpe o pulso no punho, durante um minuto e veja se os batimentos são regulares ou irregulares e determine o número de pulsações

  5. Meça duas vezes a vossa tensão arterial e aponte os seus valores. A segunda medição será a mais fiél

  6. Não tome quaisquer medicamentos

  7. Junte os relatórios médicos e os medicamentos, para os levar para o hospital

  8. Quando chegar ao hospital deve ser triado com a cor vermelha ou no mínimo laranja. Se não for triado com essas cores reclame ou peça para reclamar, junto do profissional que fez a triagem, repetindo com clareza quais os sintomas que teve e recorde-lhe o risco elevado de vir a ter um AVC nas próximas horas ou dias. O atendimento urgente é crucial para avaliar a sua situação e iniciar o tratamento mais adequado.

  9. Pergunte ao médico que o atendeu no serviço de urgência, qual o seu grau de risco de vir a ter um AVC. Os médicos têm instrumentos clínicos para averiguar o grau de risco de vir a desenvolver o AVC. Os de maior risco são internados e os de menor risco podem ir para casa com uma consulta de risco cerebrovascular marcada dentro de 2 semanas. Em Portugal, a realização dos exames nas consultas externas é demasiado lenta para clarificar a causa do seu AIT e por essa razão pressione educadamente o médico no sentido de poder ser internado, mesmo que o seu risco de vir a sofrer um AVC nos próximos dias, seja baixo.Tenha bem presente que, toda a vítima de AIT deve ser urgentemente investigada, de modo a que o tratamento fique adequadamente ajustado à causa do AIT.

  10. Exija ficar internado, se pertencer a algumas das 7 situações, acima descritas, referentes ao risco mais elevado de vir a sofrer um AVC, no curto prazo

  11. Denuncie à APAVC todas as situações caracterizadas pela demora no atendimento ou pelos maus cuidados médicos.

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